Ação apura desvios de recursos e superfaturamento de obras na gestão de Puccinelli
Por: Milena Crestani – 11/05/17 – 12h56
O frigorífico JBS, na saída para Sidrolândia, em Campo Grande, também foi alvo da Polícia Federal hoje pela manhã, durante a Operação Máquinas de Lama, quarto desdobramento da Lama Asfáltica, que apura desvios de recursos e superfaturamento de obras durante a gestão de André Puccinelli.
Documentos e computadores também foram apreendidos na indústria de celulose Eldorado Brasil, que faz parte do mesmo grupo que controla a JBS, a J&F Investimentos.
O teor da investigação acerca do frigorífico não foi detalhado. Na lista de irregularidades investigadas pela operação, constam que valores repassados a título de propina eram justificados, principalmente, com o aluguel de máquinas.
Ainda, no decorrer das investigações, foram descobertas novas motivações para o pagamento de propinas aos servidores públicos e a consequente tentativa de lavagem de dinheiro, dentre os quais a obtenção de benefícios e isenções fiscais. JBS é uma das empresas beneficiadas com incentivos nos últimos anos.
O JBS era citado na etapa das investigações que apura esquema para locação “fantasma” de maquinário como estratégia para lavagem de dinheiro e pagamento de propina a servidores.
Conforme laudo, a JBS alugou máquinas por período de quatro meses, em negociação de R$ 9,5 milhões. Os contratos eram firmados com o empresário João Alberto Amorim.
Em nota, JBS informou que todas as informações sobre a Companhia são públicas e que prestou todos os esclarecimentos e dados solicitados e que a empresa se mantém à disposição das autoridades.
4ª FASE DA OPERAÇÃO LAMA ASFÁLTICA
Polícia Federal, Controladoria Geral da União e Receita Federal deflagram hoje a quarta fase da Operação Lama Asfáltica – Máquinas de Lama.
Objetivo da ação policial é desarticular organização criminosa que desviou recursos públicos com direcionamento de licitações, superfaturamento de obras, aquisição falsas, ou ilícitas de produtos e corrupção de servidores. A estimativa é de que o prejuízo causado aos cofres públicos seja de aproximadamente R$ 150 milhões.
Ao todo, são cumpridos três mandados de prisão preventiva, nove mandados de condução coercitiva, 32 mandados de busca e apreensão, além do sequestro de valores nas contas bancárias de pessoas físicas e empresas investigadas.
A ação conta com participação de 270 agentes, entre policiais, servidores da CGU e da Receita Federal e acontecem nas cidades de Campo Grande (MS), Nioaque (MS), Porto Murtinho (MS), Três Lagoas (MS), São Paulo (SP) e Curitiba (PR).
Esta nova fase da investigação resulta da análise dos materiais apreendidos em fases anteriores. De acordo com a polícia, são evidentes as provas de desvios e superfaturamentos em obras públicas, com o direcionamento de licitações e o uso de documentos falsos que justificavam a continuidade e o aditamento de contratos, com a conivência de servidores públicos.
Os valores repassados a título de propina eram justificados, principalmente, com o aluguel de máquinas. As investigações demonstraram ainda que estas negociações eram em sua maioria, falsas e simulavam origem lícita aos recursos, razão pelo qual a operação recebeu o nome de Máquinas de Lama.
Investigações também apontaram novas motivações para o pagamento de propinas aos servidores e tentativa de lavagem de dinheiro, bem como a obtenção de benefícios e isenções fiscais.
Fonte: Correio do Estado, 11 de maio de 2017.